A Intel revelou nesta semana detalhes chave sobre o redesenho de sua linha de processadores Atom. Com o codinome Silvermont, esta nova microarquitetura marca a primeira vez em que a empresa usará seu processo de produção em 22 nm e tecnologia de transistores 3D (Tri-Gate) para construir um sistema em um chip (SoC) que poderá ser usado em uma ampla gama de dispositivos, de smartphones e tablets a microservidores.
A atual linha de processadores Atom é baseada na microarquitetura Bonnell, que foi lançada em 2008. Embora a Intel tenha migrado de um processo de produção em 45 nm para um processo em 32 nm em 2012, resultando na atual plataforma Saltwell, ela não é fundamentalmente diferente da Bonnell.
Como resultado da idade de sua arquitetura, os processadores Atom não tem sido competitivos com os processadores móveis baseados em designs da inglesa ARM Holdings. Os processadores da “Família A” (A4, A5, A5X, A6, A6X) da Apple e as linhas Tegra da Nvidia, Snapdragon da Qualcomm e Exynos da Samsung, que são a base de muitos dos smartphones e tablets modernos, são todos baseados em variantes de uma ou outra plataforma criada pela ARM.
Os principais destaques da arquitetura Silvermont, segundo a Intel
A Intel alega que tudo isso irá mudar com a Silvermont, e que os processadores Atom baseados nesta nova microarquitetura terão desempenho três vezes maior ou consumo de energia cinco vezes menor que os Atom atuais. “Não é apenas um “ajuste” na Saltwell”, disse Belli Kuttana, arquiteto-chefe da Intel, em um evento na semana passada. “É um design fundamentalmente novo”. Kuttana explicou que muitos dos recursos presentes na poderosa família Core de processadores para desktops foram transportados para a Silvermont, e que os SoCs nela baseados poderão ter até oito núcleos.
No mesmo evento Rani Borkar, vice-presidente e gerente-geral do Intel Architecture Development Group A (algo como “Grupo A de desenvolvimento de arquiteturas”) descreveu o novo SoC como “a fundação de uma gama completa de produtos que serão lançados neste ano”. Borkar disse que a Intel planeja atualizar a microarquitetura Silvermont anualmente, assim como faz como a família Core. Ela estimou algumas datas para lançamento das próximas gerações de processadores, identificadas por seus codinomes:
Bay Trail: um SoC quad-core e de baixo consumo projetado para tablets, que estará disponível antes da temporada de compras no final do ano. A Intel espera que os fabricantes usem processadores “Bay Trail” para “notebooks e desktops de entrada com formatos inovadores”.
Avoton: projetado para uso em microservidores. Disponível na segunda metade de 2013.
Rangeley: projetado para dispositivos de infraestrutura, como roteadores, switches e aparato de segurança. Também disponível na segunda metade de 2013.
Merrifield: um chip para a próxima geração de smartphones, que a Intel planeja lançar no final de 2013 para uso em produtos que chegarão ao mercado no primeiro trimestre de 2014.
Um “pipeline” capaz de execução fora de ordem é um dos principais recursos que tornam a arquitetura Silvermont superior à Bonnell e Saltwell. Ambas precisam aguardar a chegada de dados antes de executar uma instrução do programa. Mas a Silvermont pode “pular” para qualquer instrução seguinte que possa ser executada imediatamente, para que a CPU nunca precise ficar “parada” sem ter o que fazer.
A Silvermont também trará várias novas instruções projetadas para melhor segurança e maior desempenho, incluindo o suporte a criptografia AES com chave de 256 Bits, um novo gerador de números aleatórios que pode ser usado para tornar softwares mais resistentes a ataques, novos recursos de virtualização que podem ser utilizados por software de segurança, 47 novas instruções para aceleração no processamento de conteúdo multimídia e acesso à memória, e sete novas instruções para facilitar o processamento de grandes conjuntos de dados.
Comparativo de desempenho entre as arquiteturas "Silvermont" e "Saltwell"
Também há melhorias no modo “Burst” que prometem melhor desempenho. Nos Atom atuais o processador pode temporariamente operar a uma frequência de clock superior àquela para a qual foi projetado (conhecido como “modo Burst”) desde que se mantenha dentro de um limite térmico. No Silvermont a frequência em Burst é controlada pelo hardware e baseada em limites térmicos, elétricos e de consumo de energia. E a energia pode ser compartilhada entre os núcleos do processador e outros componentes do sistema, como a GPU integrada.
Se um núcleo é suficiente para dar conta da carga de trabalho atual, por exemplo, um segundo núcleo pode ser colocado em um estado de baixíssimo consumo e a maior parte de sua energia pode ser redirecionada para o primeiro núcleo, permitindo que opere em uma frequência mais alta. Da mesma forma, se ambos os núcleos forem necessários, mas não a GPU, ela pode ser desligada (reduzindo o consumo de energia e o calor gerado) para que os processadores possam rodar mais rápido. A Silvermont também suporta um modo de “Bust dinâmico” onde tanto os núcleos quanto a GPU podem brevemente operar em frequências mais altas (desde que não excedam os limites térmicos do chip).
Comparativo entre uma versão para tablets da
"Silvermont" e quatro concorrentes não identificados
(clique para ampliar)
Comparando o Silvermont a processadores para tablets de quatro concorrentes não identificados, a Intel diz que seu chip terá o dobro do desempenho e consumidr 4.3 vezes menos energia. Além disso a Intel diz que seu SoC Silvermont dual-core é superior aos processadores quad-core dos mesmos concorrentes, com maior desempenho e melhor eficiência no uso de energia.
Se a Intel cumprir suas promessas, ela poderá eventualmente dominar o mercado de processadores para smartphones e tablets, da mesma forma que domina o de PCs. O fato de que a Intel tem suas próprias fábricas e a propriedade intelectual para a produção de transistores 3D certamente irá ajudar. Mas a empresa primeiro precisa entregar seus produtos e convencer os fabricantes de dispositivos a usá-los. Enquanto isso, os concorrentes não irão ficar parados esperando a Intel alcançá-los.
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