O IBM Watson já está em nossas vidas
Os sistemas computacionais são ferramentas úteis para o nosso trabalho e entretenimento, mas e se eles pudessem realmente nos tornar mais saudáveis, encontrar curas de doenças, ajudar em nossas rotinas e até mesmo planejar um casamento? É isso que a era da computação cognitiva nos reserva.
Um bom exemplo disso é o IBM Watson, que pode fazer tudo isso de maneira bem ágil. Ele pode, por exemplo, interpretar dados não estruturados vindos da web (em qualquer formato, seja vídeo, texto ou foto), como faz um ser humano, mas com a velocidade de uma máquina com tecnologia de ponta. É daí que vem o nome de computação cognitiva, já que a cognição é o processo por meio do qual nós adquirimos conhecimentos a partir dos nossos sentidos.
Esses dados sem ordem lógica representam 80% dos conteúdos da internet atualmente. Eles foram criados por humanos para outros humanos, por isso, sistemas comuns não conseguem interpretar as informações com a mesma eficiência. À sua maneira, o IBM Watson pode pensar, graças a algoritmos complexos de inteligência artificial baseados em redes neurais e na tecnologia de aprendizagem chamada deep learning. Por dia, 2,5 bilhões de gigabytes de informações da web são processadas para que ele se torne ainda melhor.
A interação com o IBM Watson pode ser por texto ou voz, ele pode compreender comandos em linguagem natural. Diferentemente de outros sistemas, ele tem a capacidade de interpretar o contexto das situações. Ou seja, é como se você estivesse conversando com um assistente que tem super-poderes, bem ao estilo Jarvis, do Homem de Ferro.
Conforme os humanos interagem com o IBM Watson, o sistema aprende mais e mais sobre o complexo processamento de linguagem. Ele varia de idioma para idioma, mas se baseia em três pilares: gramática, estrutura e relação de palavras. É por isso que o IBM Watson sabe que a manga da sua camisa não é uma fruta e o banco da praça não é uma instituição bancária. Essa capacidade de entender o que é dito pelos humanos, e não apenas converter voz em texto, é o principal diferencial do IBM Watson em relação à Siri, do iPhone.
Foi graças a isso, bem como à capacidade de consulta de dados em poucos instantes, que o IBM Watson ganhou de seres humanos extremamente bons no jogo de perguntas e respostas chamado Jeopardy! em 2011. Com isso, ele ganhou fama mundial, mas, de lá para cá, é claro, muita coisa mudou – e para melhor.
Agora, a IBM oferece 30 APIs (Interface de Programação de Aplicação) do IBM Watson a desenvolvedores. Com isso, a expertise de computação cognitiva é oferecida para empresas e startups que queriam criar um produto com inteligência artificial. Hoje, o IBM Watson já tem aplicações importantes em quase 20 segmentos, incluindo saúde, advocacia, gastronomia e educação.
O IBM Watson foi criado em 2003 e recebeu seu nome em homenagem ao fundador da IBM, o empresário norte-americano Thomas Watson. Hoje, a era da conectividade de alta velocidade e a proliferação de smartphones permite que o IBM Watson seja usado a partir da nuvem, que é como essa tecnologia de computação cognitiva chegou ao Brasil, em 2014, já falando e entendendo o nosso português. Ou seja, o IBM Watson, em si, é uma plataforma de inteligência artificial.
O que ele pode fazer por você
Toda essa tecnologia parece estar muito distante do cotidiano, mas esse sistema de computação cognitiva pode ter um impacto bem maior na sua vida do que você imagina.
Para empresas, o IBM Watson ajuda a mitigar riscos. Ele pode dar sugestões de compras de outras companhias sem o viés humano, que pode levar a decisões erradas, provocadas por fenômenos conhecidos como efeito de halo, a ilusão de controle ou medo de perda, que acabam prejudicando tanto o olhar clínico do executivo, quanto a operação da sua companhia caso o palpite falhe. Toda a análise é criada com base em computação probabilística, em que o resultado varia em função de um espectro e não simplesmente de parâmetros de “sim ou não” e “se isso, então aquilo”, como acontece em sistemas menos complexos.
O IBM Watson chega a conclusões como nós, humanos. Primeiramente, vem a observação de um problema, seguida pela sua interpretação. Então, hipóteses criadas a partir de seu extenso banco de dados – no nosso caso, as memórias e os conhecimentos técnicos – são comparadas e a decisão é tomada. Basicamente, você tem a oferta da conclusão de um super cérebro em poucos instantes.
Agora, se você estiver em apuros planejando o seu casamento com pouco tempo disponível, o IBM Watson já demonstrou que pode ser um excelente companheiro nessa tarefa. O Meeka é um robô criado pela empresa brasileira MeCasei com uma API do IBM Watson. Nesse caso, porém, a interação com o usuário não acontece por voz, mas sim por texto, em aplicativos disponíveis para Android e iOS. O Meeka traz sugestões baseadas em assuntos de interesse dos noivos, informa sobre confirmações de presenças e recebimento de presentes, além de dar um aviso ao casal se o planejamento para o grande dia estiver atrasado.
Se você cozinha, o IBM Watson também está disponível em um site concebido para ajudar chefs na criação de receitas. Ele faz sugestões com base em três parâmetros: gastronomia molecular, química alimentícia e a quantidade de vezes que ingredientes são encontrados juntos em um banco de mais de 10 mil receitas da revista Bon Appétit.
Essa aplicação feita para a web pode dar mais opções para o cardápio de quem tem restrições alimentares e também acabar com o desperdício de comida em casas ou restaurantes. Ele pode ser acessado neste link.
Na educação, o IBM Watson já foi usado para responder dúvidas de alunos em um fórum online. A iniciativa foi promovida pelo professor Ashok Goel, em seu curso de ciências da computação no Instituto de Tecnologia da Geórgia. Ele contou com a ajuda a assistente chamada Jill Watson para responder mais de 10 mil mensagens enviadas por mais de 300 alunos. As dúvidas eram de rotina no curso de pós-graduação e, portanto, muitas delas eram semelhantes e a tecnologia da IBM ajudou Goel a ganhar agilidade no atendimento dos estudantes.
O que vemos hoje é apenas a ponta do iceberg. Nos próximos tempos, você terá o IBM Watson em algum dos seus aplicativos – saiba você disso ou não.
A IBM tem investido pesado nos últimos anos em inteligência artificial, deep learning e supercomputadores. O resultado mais recente dessa mistura é o Watson, uma plataforma que surpreende a cada dia pelas funcionalidades.
O TecMundo acompanhou um painel da empresa durante o evento Geek City, realizado em Curitiba entre os dias 1º e 3 de setembro. Na apresentação,a responsável pelo setor de soluções cognitivas da IBM na América Latina, Jeni Shih, explicou o que é e para que pode servir o Watson a um público que talvez não esteja acostumado com essas inovações.
Em seguida, Jeni até “chamou” o Watson ao palco — ou seja, tirou o celular do bolso. Conversando em tempo real com uma das representações de voz da plataforma (uma voz feminina chamada Isabela), ela mostrou alguns exemplos de como essa tecnologia já atua aqui no país. A executiva então apresentou casos de sucesso de aplicações reais que a inteligência artificial já faz em território brasileiro, atuando em áreas bem diferentes. A seguir, conheça algumas delas.
1. Assistente pessoal via comandos de voz
Você provavelmente já está acostumado a usar serviços como Siri, Cortana ou Google Assistente para navegar ou fazer perguntas simples. Uma das APIs do Watson também permite que ele converse com qualquer pessoa usando diferentes vozes, incluindo o português do Brasil.
O aplicativo se conecta com a base de conhecimento do Watson na nuvem e por informações anteriormente carregadas no sistema. Assim, ele faz piadas que se encaixam bem na voz, que é bem articulada. No caso de Curitiba, ela incorporou rapidamente o “daí” no meio de frases e chamou a plateia de “piá”, termo usado para “menino” na região.
2. Auxílio em hospitais
A IBM fechou parceria com o Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, para utilizar a plataforma de reconhecimento visual do Watson no tratamento de câncer.
Em resumo, a plataforma recebe dados e imagens de exames de todos os pacientes para apontar tratamentos individualizados e otimizados para cada caso. Esse é o primeiro hospital da América Latina a fazer algo parecido e mostra todo o potencial que a tecnologia traz na área da saúde.
“Mais do que ensinar para o Watson, o nosso objetivo é explorar e mostrar o que ele tem condições de fazer”, explica Jeni.
3. Reconhecimento visual
Uma das criações envolvendo o supercomputador é o Watson Visual Recognition. Basicamente, trata-se de um “olhar virtual” que analisa imagens e tenta “adivinhar” o que está na lente da câmera de um smartphone. Primeiro, ele precisa receber imagens e vídeos de determinado tema para catalogar cada informação e aprender a identificar padrões.
Um dos casos apresentados envolveu a ida da equipe do Jovem Nerd até a San Diego Comic-Con. Lá, o Watson “adivinhou” quais eram os personagens representados por cosplayers em fotos tiradas e avaliadas na hora após “aprender” quem é quem por meio de fotos e clipes.
Segundo Jeni, o Watson é como se fosse uma criança que está recebendo informações — e essa seria a beleza dessa tecnologia.
4. Inclusão na cultura
A IBM fez uma exposição interativa na Pinacoteca, em São Paulo, para incentivar visitas a museus. Na ação, utilizando o Watson, visitantes podiam “conversar” com as obras de arte usando fones de ouvido e fazer perguntas bem variadas. Ela foi batizada de "Voz da Arte".
Os questionamentos variavam desde dados a respeito dos quadros até reflexões menos óbvias. Um dos objetivos é trazer pessoas de todas as idades que evitavam museus ou nunca tiveram a oportunidade de apreciar exposições.
“Não é que o Watson é o futuro. Isso está aqui hoje”, afirmou Jeni ao fim da apresentação do painel. E alguém duvida?
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